A aprendizagem é algo bastante amplo e que vai muito além da aquisição dos conteúdos formais proporcionados no ambiente escolar. Aprendemos desde o nosso nascimento e continuamos a aprender ao longo de nossas vidas. Envelhecer também faz parte do processo de aprendizagem do ser humano.

Estudiosos mostram que a aprendizagem é parte de transformações que ocorrem em nosso cérebro, “a aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais”. Sendo assim, cabe a nós, educadores, profissionais que dedicam suas vidas à educação, refletir sobre o que está por traz de cada aprendizagem, de cada conhecimento que é adquirido. Ler, por exemplo, pode parecer simples para nós que já passamos por todo o aprendizado da relação grafo-fonêmica e de decodificação dos símbolos gráficos, mas você já parou para refletir a respeito de toda ginástica que o nosso cérebro precisa exercer para ler uma palavra? Ler demanda bastante atividade cerebral e exige que muitas funções estejam ativas para que a tarefa se conclua.

Para ler, precisamos direcionar a nossa atenção e sustentá-la naquilo que estamos lendo, ignorando qualquer estímulo que esteja ao nosso redor. Além disso, necessitamos de capacidade de armazenamento, nossa memória precisa arquivar todas as informações relevantes a fim de que possamos concluir a tarefa. E, no caso da leitura, não basta decodificar os símbolos gráficos, precisamos ter vocabulário para compreender o significado das palavras e é imprescindível um repertório de saberes, de conhecimento de mundo para que seja possível compreender o sentido da leitura como um todo.

Ademais, para aprender, precisamos de organização, de planejamento, isto é, se desejo aprender algo, tenho um objetivo que necessita de tal aprendizagem, logo preciso planejar e organizar: o que vou fazer e como farei para aprender e para executar tal conhecimento adquirido? Outra função necessária à aprendizagem é a flexibilidade cognitiva, que diz respeito à nossa capacidade de considerar diferentes perspectivas e nos adaptar às novas condições exigidas por uma determinada situação. Retomando à leitura, quando lemos um texto e nos deparamos com uma palavra desconhecida, precisamos da flexibilidade cognitiva para olhar sob uma outra ótica e buscar compreender o contexto em que aquela palavra foi introduzida, permitindo-nos adaptar a tal situação de um novo vocábulo que desconhecemos o significado, mas flexibilizamos nossa perspectiva a fim de compreender a ideia central transmitida pela leitura.

Para que todas essas funções cerebrais executem seu papel a favor de uma aprendizagem, precisamos ter controle inibitório, que diz respeito à nossa capacidade de controlar impulsos, resistindo às tentações e pensando antes de agir. Para direcionar e sustentar a nossa atenção àquilo que necessitamos executar, precisamos desse autocontrole para inibir qualquer distração.

Todas essas funções apresentadas são chamadas funções executivas e estão no nosso cérebro, dirigindo as habilidades cognitivas responsáveis por uma vida funcional do ser humano. Muitos estudos vêm mostrando a importância de se aliar o treino dessas funções à aprendizagem escolar, defendendo, inclusive, a concepção de que tais funções são mais importantes que o nível de QI para que a aprendizagem se estabeleça.

Muitas atividades já são estimuladas por familiares e educadores, como a simples tarefa de ensinar à criança a guardar seus brinquedos, fortalecendo seu planejamento e organização, mas ter a consciência das funções cerebrais que contribuem e trabalham a favor da aprendizagem é um mecanismo que favorece o nosso trabalho e empenho.

Na Clínica da Ponte caminhamos pela ciência e com amor à educação. Assim, desenvolvemos treinamento das funções executivas, focando na aprendizagem global e no desenvolvimento do indivíduo. Vamos construir Pontes juntos e acompanhe-nos para mais informações sobre como podemos auxiliar no desenvolvimento das funções executivas também em casa e na escola. Estaremos unidos através da Ponte.

Juliana Decieri

Psicopedagoga

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