Cada vez mais, tenho insight para escrever alguns assuntos que são inspiradores para mim e fico imaginando para quantas outras pessoas também o serão.

Num dia de sol, nesta quarentena do COVID-19, estava conversando com uma amiga e logo no início da ligação começamos a brincar, fazendo comentários maliciosos e contestáveis, e se eu não estivesse falando com esta amiga, que me conhece e sabe diferenciar o que é sério e o que é um desabafo, uma brincadeira ou até palavras soltas no ar, eu poderia estar em maus lençóis. E a partir desta vivência e de tantas outras, pensei alto: “seria enlouquecedor se eu não pudesse falar”. Sim senhoras e senhores, psicólogos, médicos, juízes, advogados, entre tantas outras profissões, são seres humanos que desempenham papéis e todos vivem dificuldades, desafios, superações semelhantes aos outros.

Falar com liberdade, e não ser definido por uma posição, que pode ser diferente da sua, e ainda ter a possibilidade de mudar esta mesma posição. Refletir quantos papéis temos que representar, como: mãe, mulher, profissional, amiga, filha, irmã, sobrinha, tia, estudante, cidadã, entre tantas outras… E nessa quarentena, além da liberdade de pensamento expressado pela fala, muitas outras coisas podem enlouquecer, como:

  • Seria enlouquecedor ter que representar somente papéis todos os dias do ano, sem poder opinar ou até contar uma piada sem graça. Não ter a chance de se equivocar, errar e se arrepender;
  • Seria enlouquecedor se perder do seu querer, os gostos, suas preferências, de quem é você;
  • Seria enlouquecedor viver um amor por anos, sem ser transparente, não mostrar o seu pior e o seu melhor;
  • Seria enlouquecedor não poder falar com outro ser humano o que realmente se sente;
  • Seria enlouquecedor não reclamar, fingir que não se chateia;
  • Seria enlouquecedor o indivíduo ser um produto fabricado pela sociedade que ao passar do tempo se estabelece como normativas: emagreça, se controle, agrade seu marido/esposa, seja bela, fique bela, case, tenha filho, tenha filhos, estude, seja o melhor, escolha a profissão mais rentável, seja saudável, … e não envelheça!

E no caminho desta sociedade que fabrica humanos, quero andar na contramão. Viver, um dia, numa sociedade que se responsabiliza e que aprende com os seus erros com autenticidade, simplicidade, liberdade e respeito.

Somos dinâmicos, cheios de vida, mutáveis, flexíveis, criativos, inteligentes para conseguir se adaptar as adversidades, aprender com elas e superá-las.

            Você pode não entender o outro, não gostar da atitude do outro, achar o comportamento do outro inapropriado, mas deve respeitar e aceitar o outro, como ele é, com simplicidade, limite e respeito.

É fácil? Categoricamente não, mas é um exercício diário importante ser praticado e refletido com visão empática. 

Acredito no que vivencio em meu trabalho, como psicóloga: “você é mais, mais do que um erro, uma culpa, um êxito ou um transtorno mental, que são apenas partes da imensidão do seu todo”.  

Atitudes contrárias da sua essência, te afastam de você mesmo, dos seus desejos, do que acredita… Até que um dia… Enlouquece e não consegue achar o caminho de volta.   

Se autorize achar que não está tudo bem…. e daí, sem problemas com isso, não está bem mesmo…. Procure ajuda, se ajude… sempre há outros caminhos. A tristeza, a frustração, o descontentamento faz parte do processo de aprendizagem na vida: de como curtir a alegria e as conquistas de forma mais consciente do que esta passando e que alguns momentos te acompanharam pela vida, que a frustração é o treinamento para persistir até conseguir e por fim,  dar valor a pequenas coisas e as pessoas não só quando perdermos, mas sentir o prazer com o que deseja de maneira simples.

Não está tudo bem, aceite! É o primeiro passo e o mais importante para melhorar. Procure ajuda profissional, um psicólogo, vai caminhar ao seu lado neste processo.  

Até a próxima, se cuida!

Thelma Domingues

Psicóloga e Psicopedagoga Clínica - CRP: 05/56218

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