Crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência doméstica todos os dias. A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Internacional para Prevenção do Abuso Infantil e Negligência, vai caracterizar os maus-tratos como o abuso físico, emocional, sexual e a negligência contra a criança, bem como a sua exploração, seja ela comercial ou de outro tipo, resultando em prejuízo real ou potencial à saúde, à sobrevivência, ao desenvolvimento e à dignidade da criança, em um contexto de um relacionamento de responsabilidade, confiança e poder.

Abaixo, vamos falar melhor sobre as 4 formas de violência:

A Violência Física é o uso da força física como meio de educar. Muitos pais ou responsáveis entendem ser uma boa forma de educação. Acreditam que o fato de terem sido educados de maneira agressiva os tornou o que são. Desse modo, um ato de violência doméstica perpetrado pelos pais contra os filhos pode ser compreendido, por alguns adultos, como uma punição merecida por parte da criança e do adolescente, um direito de uso dos pais que dela se utilizam durante o processo de educação de seus filhos.

A Negligência se apresenta pelo descaso dos pais ou responsáveis para com as coisas que são essenciais ao desenvolvimento sadio dos filhos. É o descuido com a alimentação, saúde, higiene, vida escolar e outros.

A Violência Sexual é o ato através do qual um ou mais adultos (do mesmo sexo ou não) usam a criança ou adolescente com a finalidade de obter prazer sexual. Não é só o uso da criança ou adolescente como parceiro sexual, mas também quando os adultos estimulam e manipulam os órgãos sexuais da criança ou forçam-nas a estimular ou manipular seus órgãos sexuais.

A Violência Psicológica é a violência que humilha, rejeita, ou fere moralmente a criança ou adolescente. Envolve a indiferença e a rejeição afetiva. Pode haver o uso de frases como: “Você é burro!”, “Você é um inferno na minha vida!”, “Eu ainda vou te matar!”, assim como amedrontá-la de outras formas. Estas frases e atitudes causam danos que prejudicam o desenvolvimento psicológico e social da criança.

Os maus-tratos para com as crianças causam grande impacto não somente para as vítimas, mas também para toda sociedade, gerando altos custos psicológicos para a mesma. Investigações em diferentes países revelam que a negligência, em equiparação aos outros tipos de maus-tratos, está associada aos maiores danos ao desenvolvimento da criança, sobretudo se vivenciada de forma crônica. Há estudos que mostram evidências consideráveis de danos no cérebro decorrentes de vivências de abuso e negligência. Foram observadas em crianças negligenciadas, entre outras consequências, uma redução do volume cerebral, bem como mudanças bioquímicas, funcionais e de estrutura cerebral.

O efeito do abuso infantil pode se manifestar de várias formas, em qualquer idade. Internamente, pode aparecer como depressão, ansiedade, pensamentos suicidas ou estresse pós-traumático; pode também expressar-se externamente como agressão, impulsividade, delinquência, hiperatividade ou abuso de substâncias.

Se você sofreu um ou mais desses abusos, não hesite em procurar ajuda psicológica, sempre há tempo para ressignificar sua história. Se você é pai ou mãe com dificuldade de educar os seus filhos, também é importante para vocês buscarem suporte: terapia familiar para ajudar nas questões da sua família ou até mesmo um grupo terapêutico de pais na mesma situação.

O trabalho terapêutico com pais é fundamental, pois reduz os comportamentos agressivos desses contra os filhos, sensibiliza sobre o papel parental e possibilita também a formação e identificação de uma rede de apoio social e afetiva entre os participantes dos grupos. Neste sentido, os trabalhos de intervenção, a partir da modalidade grupo de pais, servem como espaços de apoio emocional e de propagação de novas formas de relacionamento entre pais e filhos, o que colabora, inclusive, para a superação de uma postura interventiva apoiada apenas na culpabilização, favorecendo o enfrentamento da crença no uso da violência como estratégia educativa e sua desnaturalização, com o objetivo de desenvolver um ambiente familiar protetivo e acolhedor.

Caso você perceba os sinais em alguma criança, disque 100 para fazer uma denúncia.

Dyesere Diandra Candiago Zanotti

Psicóloga - CRP: 05/59775

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