Muitas mulheres tem muito medo da dor de um parto normal, pois já escutaram vários relatos de tão intenso e difícil que é colocar um filho no mundo. A grande verdade é que a dificuldade em ser mãe vai além do ato de parir e muitas delas continuam até o fim da vida.
É difícil acordar a cada 2 horas pra amamentar, pra trocar ou só pra dar um colinho. É difícil escutar o filho chorar e não saber o que tem de errado. É difícil não conseguir amamentar. É difícil não ter forças pra acordar. É difícil não ter o mesmo corpo de antes. É difícil até escolher uma roupa pra sair, pois tem que pensar na facilidade na hora de amamentar. É difícil segurar o choro nas madrugadas quando o seu filho tem fome e você tem dor. É difícil escutar de todos, até de quem não te conhece, como você deve agir e como cuidar do seu filho. Ah, mas ser mãe também é prazeroso! Sim, mas não deixa de ser difícil, e toda essa dificuldade surge porque é muito complexo ter um ser humano que depende exclusivamente da gente e isso é mais difícil do que qualquer coisa na vida.
Mas a maioria das pessoas não falam dessas dificuldades, né? O que mais escutamos é que padecemos no paraíso com a maternidade, o que acontece mesmo é que não prestamos atenção nas mães pra entender que paraíso é esse. Sempre vemos o bebezinho lindo e cheiroso, mas não sabemos o quanto foi difícil para aquela mãe conseguir deixa-lo assim antes que se iniciasse todo o ritual pré-passeio de novo, além de tudo ela tem que estar linda e cheirosa também, senão os olhares atravessados começam a rodeá-la. Não reparamos nos sinais que as mães dão.
Ela sempre tem que se empenhar e se dedicar em dobro, senão vão dizer que ela é incapaz, até porque sua avó e sua mãe cuidaram de todos, cuidavam da casa, do marido, do cachorro e nunca reclamaram, ela não pode se dar ao luxo de fraquejar, afinal ela tem que ser boa na maternidade, se uma mulher não consegue ser uma boa mãe, não consegue ser mais nada, pois foi assim que a sociedade ensinou, e então quando ela para e se olha, ela se culpa.
Antes de tudo é importante pensar o quanto uma criança demanda da gente, o quanto a gente tem que estar disposto e disponível para nossos filhos. Bebês precisam de muito colo, amor, carinho, atenção e mais colo. A maternidade muda a vida de uma mulher, muda no trabalho, muda a família, muda as amizades, modifica até a sua forma de dormir, pois um breve cochilo sentada no sofá vai te revigorar. Quem escolhe ter filhos, escolhe abrir mão de muita coisa e é ai que surgem as prioridades. Ser mãe é criar prioridades, quase sempre abriremos mão de ter tempo com os amigos, com a família, tempo para si mesmo.
E como faz pra equilibrar tudo? A grande verdade é que as vezes não teremos equilíbrio, vai ter um lado que pesa mais e não tem problema nenhum, pois esse lado mais pesado sempre vai existir, mas não é só pra você, existe pra mim, pra blogueira que aparece sem olheiras, existe pra vizinha e pra moça da padaria, até pra pediatra que parece saber de tudo, esse lado mais pesado vai estar presente na vida de todas.
Maternidade é vivência, maternidade é amor, é choro e sorriso, é alegria e tristeza, é ter medo e ter coragem, é aprender todo dia uma nova habilidade, é ficar de pijama o dia todo e não conseguir sair sempre maquiada é ir do desespero a plenitude em minutos, é estar em uma gangorra de sentimentos.
A maternidade nos ensina muito, principalmente em relação ao ser humano, ser mãe é se doar para o outro de uma forma única e quando isso acontece enxergamos o mundo com outra perspectiva, além de percebermos que somos maiores e mais forte do que imaginávamos que seríamos. Enfim, não existe receita para a maternidade, cada mãe será a mãe que seu filho precisa, cada mãe será a mãe que der conta de ser.

Rosangela Dantas de Figueiredo

Psicóloga - CRP: 05/58351

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