Adolescência, o período do desenvolvimento que pode preocupar até mesmo os mais experientes dos pais. Mas acredite, essa fase assusta muito mais aqueles que estão passando por ela. Cada adolescente irá ter sua própria história e experiências de vida, e isso vai dificultar a existência de um modelo de abordagem para lidar com os que passam por essa fase do desenvolvimento humano. Já que cada pessoa é única, cada adolescente também será singular.
Como já é conhecido, a adolescência irá manifestar mudanças, sejam fisiológicas e/ou psicológicas, que serão importantes para o desenvolvimento humano. Para tudo ocorrer de maneira saudável, é necessário que o adolescente cresça em um ambiente estimulador, com figuras cuidadoras que transmitam sensação de segurança, para explorar e se adaptar ao seu meio. A independência será possível por essa sensação de segurança e assim, permitindo que corram riscos, revisitem vivências e construam sua identidade.
Por ser um período de grandes mudanças, alterações físicas e comportamentais estão bastante presentes: o corpo crescendo no tamanho, os hormônios estão preparando a fisiologia do corpo para a vida adulta e o cérebro está se desenvolvendo, o que vai afetar como os adolescentes irão receber, processar e responder à informações de origem externa, ou seja, do ambiente em que estão inseridos, tanto quanto informações internas, proveniente de suas próprias mentes.
Com todo esse processo de preparação para a vida adulta, o surgimento de questões de saúde mental pode ser potencializado pelas alterações hormonais e as novas responsabilidades que irão enfrentar. Uma grande responsabilidade que adquirem é a escolha da profissão e o grande decisor do futuro em forma de prova chamado vestibular.
O período pré-vestibular tem sua importância imposta aos adolescentes já que é o momento em que decidem sua carreira profissional. Porém, por esse período se dar no momento da adolescência, acaba por gerar agitações ao juntar as mudanças que acontecem na vida do adolescente com a necessidade de tomar decisões que influenciarão seu futuro. Assim, conflitando gostos pessoais, influências de autoridades como família e educadores e até mesmo os amigos que se encontram no mesmo período gerando estados emocionais estressores.
O estresse gerado pode se tornar um gatilho para o surgimento de transtornos de saúde mental, como a ansiedade e depressão. Podemos definir ansiedade como uma emoção complexa derivada do medo: perigo imediato causando comportamento de luta ou fuga, sensação de perigo causando estado de vigilância e a antecipação do perigo causando ansiedade, sendo patológica quando atrapalhar a rotina comum da pessoa. Já a Depressão está relacionada à emoção da tristeza, mas em uma forma patológica, um estado de humor deprimido com longa duração. Há perda de motivação e ação nesses casos, influenciando negativamente o cotidiano da pessoa com depressão.
A possibilidade do surgimento de transtornos de saúde mental vai reforçar a necessidade de pais e educadores terem um olhar diferenciado quando seus filhos e alunos se encontrarem no período pré-vestibular. É necessário que estejam atentos aos esforços dos alunos, reconhecendo a fase do desenvolvimento que estão, a pressão que estão sendo impostos e a necessidade de uma decisão que, nessa época da vida, parece ser definitiva.
Muitas vezes, o resultado de avaliações, colocações em rankings de vestibular e o ingresso em universidades de renome acabam tendo maior foco que a formação de indivíduos com pensamento crítico, com visão de mundo ampliada e preparados para conviverem em sociedade e obterem seu lugar no mercado de trabalho. E tudo isso as custas da saúde física, com o enfraquecimento do sistema imunológico e as custas da saúde mental, com o surgimento das questões citadas acima, formando pessoas ansiosas e inquietas, ou deprimidas e sem perspectivas.
Ter apoio de profissionais especializados nos estudos da mente, como psicólogos e psiquiatras é essencial para que um ambiente educacional possa funcionar sendo menos estressor possível, acolhendo o adolescente em suas questões e assim, permitindo que ele dê o melhor de si nesse momento que é tão importante.

Pedro Diniz Bernardo

Psicólogo - CRP: 05/48864

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